terça-feira, 29 de março de 2011

Parabéns Dom Paulo Moretto

Quero deixar aqui os meus sinceros parabéns ao bispo da Diocese de Caxias do Sul, Dom Paulo Moretto, que em nota desaprovou o fato ocorrido em Garibaldi, onde um casal atrás de seus 15 minutos de fama, celebraram o sacramento do matrimônio fantasiados de Shrek e Fiona.
 
"Para a celebração do sacramento do matrimônio, nós católicos temos ritos e linguagem adequados. Ritos litúrgicos, catequéticos e adequados às culturas e situações e fundamentados na fé e não inspirados na imaginação e na fantasia." - esclareceu o bispo.

Se querem fazer algo assim, que o façam na festa, na praça, no clube, na lua-de-mel, sei lá, em qualquer outro lugar fora do ambiente religioso. Ninguém é obrigado a casar na Igreja, mas se assim quiserem que o façam de acordo com as regras.


 
 

domingo, 27 de março de 2011

Ei de ir: Cartagena de Indias

"No final de uma jornada de saltos mortais por uma estrada dura e cheia de curvas, o ônibus do Correio exalou seu último suspiro onde merecia: encalhado num manguezal pestilento de peixes podres a meia légua de Cartagena de Índias. (...)
O motorista saltou da boléia e anunciou com um grito mordaz:
- Lá está a Heróica.
Este é o nome emblemático pelo qual se conhece Cartagena de Índias, graças às suas glórias do passado..." (Trecho de Viver para Contar, de Gabriel García Márquez).

Cartagena de Índias é uma cidade que sempre despertou minha curiosidade. Um local onde posso aliar meu gosto por cultura hispano-americana, arquitetura colonial, história e piratas. Não está entre os destinos mais procurados pelos brasileiros, mas este definitivamente não é um parâmetro muito confiável.


A cidade foi um dos principais portos da América Espanhola, por onde era escoada grande parte da prata das minas de Potosí e outras tantas riquezas que tinham a Europa como destino. Devido ao constante assédio de piratas e corsários, a cidade construiu um muro para tentar protegê-la, algo comum na época. Esta edificação ainda existe, algo pouco comum hoje em dia.


 Dentro da "cidade amurada" encontram-se verdadeiras joias da arquitetura colonial. Uma considerável quantidade de construções mantêm as característica do passado. Atravessar esta muralha é como entrar em uma máquina do tempo.


Não sei dizer se o colorido das casas remete às preferências da época em que foram construídas. Além da profusão de cores, as sacadas de madeira também são marcas registradas do local. Muitas destas construções foram restauradas e hoje abrigam hotéis, restaurantes, lojas, enfim, lugarem onde os turistas podem gastar seus dólares.



sexta-feira, 18 de março de 2011

Breves Notas (3)

Ao invés de se preocupar com o Oriente Médio, onde a diplomacia americana está dando uma aula de incompetência, o presidente Obama vem ao Brasil, com direito a discurso. O que será que ele tem a nos dizer? Contestado em seu país, e longe de conseguir ser a liderança mundial que o cargo exige, talvez pense em manter sua imagem fora de seu país.

Coitados dos americanos, como devem sentir falta de um Ronald Reagan:



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Meu amigo Everton disse-me certa vez que um dos sintomas de que a gente está ficando velho é estar sozinho em casa e baixar o volume por achar que a música está muito alta.

Outro sintoma é deixar de se preocupar com o que os outros vão pensar sobre aquilo que fazemos ou dizemos. Por exemplo, no passado eu não diria aos quatro ventos que eu fui ao show da Shakira. Hoje, eu digo que fui e gostei, pensem o que quiserem.

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 E o meu Grêmio? Ao que tudo indica, não vamos longe nesta Libertadores. Mas apelemos para a ingenuidade: prefiro pensar que os erros desta fase inicial talvez possam ser corrigidos. Ser eliminados nas oitavas por um Caracas da vida deve ser muito frustrante...

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Muito estranho ontem: o Grêmio jogando pela Libertadores e eu ouvindo o jogo pelo rádio, trabalhando. Acho que isso nunca tinha acontecido.

¡Si, nosotros podemos!

A colombiana Shakira Isabel Mebarak Ripoll apareceu no mundo da música em 1996 com o álbum Pies Descalzos, dos sucessos Estoy Aqui e ¿Donde estás Corazón?. Aproveitando a mania dos álbuns acústicos da MTV, lançou o seu Unplugged em 2000. O vídeo abaixo é deste show.


Não que se trate de um caso de obesidade, mas se percebe claramente nas imagens que a cantora encontra-se um pouco acima do peso, até o figurino típico de quem deseja esconder 'medidas' a denuncia. 

Algumas pessoas diriam estarem satisfeitas com o corpo. Outras alegariam hipotireidismo, consumo de corticóides, enfim, algo inevitável e alheio às suas vontades. Outras ainda diriam que é necessário combater o bullying e que deveria haver poltronas maiores nos cinemas e nos ônibus, aviões... 

Shakira não.

Não sem passar por muito sacrifício, a colombiana agora exibe esta silhueta que pode ser vista no vídeo abaixo, e que minha esposa, eu e mais 20 mil pessoas pudemos conferir ao vivo neste dia 15 em Porto Alegre:


 Somente um pequeno comentário a respeito do show: ele foi muito bom. Ao contrário de muitos outros artistas, que optam por saturar suas apresentações com "penduricalhos" estéticos, como o U2 com suas 500 bilhões de luzinhas coloridas, o Kiss com seus fogos de artifício e os Rolling Stones com sua ponte retrátil, o show da colombiana é basicamente sua própria performance, cantando e dançando. Ela é o espetáculo, não se fazem necessários apêndices. E até Metallica ela cantou. Com uma batida caribenha, mas cantou.

Mas voltando ao tema: além de dinheiro para contratar os melhores nutricionistas, personal trainers e cirurgiões plásticos, o que a Shakira tem que lhe permite exibir um corpo assim que nós todos com o IMC maior do que 25 não temos? Como ela consegue ter esta silhueta enquanto que nós esbarramos naqueles quilinhos (ou até quilões) pra mais?

Estou convencido que tem algo a ver com disciplina e força de vontade. 

Pois bem, tomemos-na como exemplo. Parafraseando o Obama: "sim, nós podemos!".

quinta-feira, 10 de março de 2011

Jejuns

Numa sociedade em que a busca pelo prazer é cada vez mais estimulada pode parecer uma grande idiotice que alguém, por vontade própria, abra mão de coisas que lhe proporcionem prazer e satisfação.

Quem não gosta de comer? Tirando dois ou três enfastiados, todos têm alguma(s) comida(s) cujo consumo lhes causa satisfação. É inegável e até fisiologicamente explicável que a ingestão de alimentos nos proporciona um imenso bem-estar, tanto físico quanto psicológico. 

Sendo assim, existe nexo no fato da pessoa dispensar este bem-estar?

Não quero me ater às restrições alimentarem necessárias para se reestabelecer as condições ideais de saúde, como é o caso dos obesos, diabéticos, hipertensos, fenilcetunúricos, etc. Estou me referindo àqueles que praticam o jejum. 

A Igreja recomenda que se faça jejum em diversas oportunidades, mas principalmente nos dias que marcam o início e o fim da Quaresma, Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa respectivamente. Muito mais do que um simples sacrifício, o jejum é um exercício de disciplina e auto-controle, no qual pomos à prova nossa capacidade de resistir aos mais variados desejos. Afinal, se consigo me abster de um bife gordo e mal passado é sinal que consigo fazer frente a instintos básicos e a prazeres tão imediatos quanto inconsequentes.

Existe uma intrepretação (equivocada) de que este jejum seria apenas abster-se da ingestão de carne de animais de sangue quente, ficando fora desta lista os peixes, cujo consumo estaria liberado (nunca pensei nisso, mas por esta lógica termo-sanguínea, jacaré e rã também estariam). Mas comer uma bacalhoada, um salmão, um risoto de camarão, isto lá é um sacrifício? Não é algo que foge da proposta, das circunstâncias?

O jejum não precisa ser uma "greve de fome". Uma refeição frugal ao meio-dia e uma janta bem simples já bastam. Além do alimentar, outros tipos de jujum também podem ser feitos: a pessoa pode se abster do carro, por exemplo. Nesta quarta, eu optei por ficar um dia sem internet, e até que não foi tão difícil assim.

É tudo uma questão de disciplina.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Breves Notas (2)

Apesar do meu local de trabalho ser na casa de meus pais, as vezes fico tempo sem conversar com eles coisas além de breves diálogos do dia-a-dia. É por isso que convidei meu pai para assistir o jogo do Grêmio ontem lá em casa. As sérias deficiências do time, as poucas perpectivas para esta Libertadores, a morosidade do meio-campo, nada disso prendeu-me muito minha atenção. Conversamos como há tempo não fazíamos. 

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"Pulei" carnaval durante mais de uma década, mas fui aos poucos deixando a festa de lado e hoje não passa de (mais) um feriado para mim. Além da idade e das responsabilidades da vida de casado, acho que me sentiria um estranho no bloco no qual eu sempre participei, pois a maioria dos meus amigos mais próximo também não estão mais lá. Mas parece que a festa não quer se livrar de mim,  tanto que pelo segundo ano consecutivo há um QG ao lado da minha casa, por sinal deste mesmo bloco do qual sempre participei, inclusive sendo presidente por três anos. Confesso que não me incomodo com o barulho, e fico feliz por saber que o K'CETA continua, e que ainda escutam rock n' roll.

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Agora, que coisa mais sem fundamento esses desfiles de escolas de samba. Como pode alguém gostar disso? Como conseguem ficar olhando esses cortejos intermináveis, ouvindo o mesmo refrão infinitas vezes, músicas das quais ninguém mais se lembrará daqui 20 dias.



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Descobri um novo minimizador de URL's: o Mazembe! mazem.be - o todo poderoso encurtador de URL
Testei e aprovei. O endereço do blog ficou http://mazem.be/1A
Recomendo.

terça-feira, 1 de março de 2011

Herr Loeffler

A cidade de Canoinhas está localizada no norte de Santa Catarina, divisa com o Paraná, na região do Contestado (você já deve ter ouvido falar dela em alguma aula de história). Durante décadas a economia local foi movimentada pela extração de madeira, material utilizado em muitas de suas casas, inclusive algumas de grande porte. Chama a atenção também o fato de que seus habitantes mantêm uma curiosa aversão a uma marca de carros italianos




Não chega ser um lugar muito bonito, e até onde eu sei não é considerada um destino turístico. Mesmo assim fiz questão de visitá-la na última etapa do roteiro que eu fiz pelas micro-cervejarias catarinenses. Após passar por Blumenau, Pomerode, Gaspar, Brusque, entre outras, rumei para Canoinhas, um pouco fora de rota, mas nada maior do que minha curiosidade. 
Através da internet descobri que lá havia uma cervejaria em funcionamento desde 1908, e administrada pelo Sr. Rupprecht Loeffler, com mais de 90 anos, cujo pai comprou-a em 1924. Num período em que praticamente todas as pequenas cervejarias foram absorvidas pelas médias, e estas pelas grandes, Herr Loeffler manteve-se firme e forte, sendo considerado o mestre-cervejeiro mais antigo em atividade no Brasil.
A Cervejaria Canoiense fica em uma construção de tijolos à vista, quase um galpão cercado com araucárias, típicas da região. Ao passar pela porta, onde se lê a inscrição "cerveja artesanal", é como se estivéssemos entrando numa cápsula do tempo. 
Numa mesa à direita da porta o anfitrião aguarda seus visitantes, sem nunca esquecer a gravata. Na ocasião, seu Loeffler gozava de boa saúde e de uma lucidez incrível para quem já estava com 90 anos. Também foi muito simpático e solícito, contando-me um pouco sobre sua cervejaria e suas caçadas com seu irmão mais velho, numa distante época em que a fauna e a flora da região eram abundantes. Disse que o motivo de apresentar tão boa saúde mesmo em idade tão avançada era o litro de cerveja que bebia diariamente. "Não tem conservantes", dizia ele, "é saudável", mostrando ser também bom de marketing.

Pouca coisa deve ter mudado lá dentro nas últimas décadas. Este primeiro ambiente é um misto de bar, recepção, escritório, depósito e museu, ricamente decorado com diversos animais empalhados, peles, fotografias, rótulos de bebida, e outras lembranças. Uma geladeira guarda não só a cerveja servida no local, mas também uma espécie de refrigerante de produção própria. Além das garrafas tradicionais de 600 ml na cor marrom, a cerveja também é acondicionada naquelas antigas garrafas de refrigerante de 1 lt.




Posso até estar enganado, mas acho que essa decoração atípica não fora feita visando deixar o local mais exótico e agradar os visitantes, mas sim porque era deste modo que o seu Loeffler gostava. Todas aquelas lembranças penduradas nas paredes de modo aparentemente aleatório faziam parte de sua vida, e se esta cervejaria era a sua vida, é normal que parte dela ficasse lá exposta, como fragmentos de sua memória.

 Nos outros ambientes é que são feitas todas as etapas necessárias para a produção da cerveja. Os equipamentos são os mesmo de muitas, mas muitas décadas atrás. Não perguntei, mas não me espantaria se descobrisse que são os mesmos de 1908.



Todos sabem que em matéria de entorpecentes sou um careta assumido, mas duvido que exista substância psicoativa capaz de produzir alguma sensação semelhante à que senti visitando este lugar. É impossível de descrever, tanto pela complexidade de emoções quanto pela minha deficiência literária. Nunca tinha vista nada semelhante e provavelmente nunca mais verei.



Por fim... a cerveja. Bem, é praticamente um consenso entre os "cervejólogos" que as cervejas da Canoiense deixam a desejar. Sem papas na língua, a nova leva de beer sommeliers classifica-as como "ruim". 
Maledicência! Sempre existem ciclistas metafóricos para atrapalhar o fluxo de nossas alegrias. É uma cerveja que foge do tradicional, mas aposto que se ganhasse o rótulo de uma lambic belga não faltariam admiradores ressaltando o "aspecto ácido proveniente de leveduras selvagens". 
Acontece que uma visita à Canoiense é muito mais do que apenas cerveja.

Bem, ao menos era até o último domingo, dia 27 de fevereiro, quando o Sr. Rupprecht Loeffler faleceu, aos 93 anos. Este texto é uma homenagem a este senhor e seu amor pela cerveja artesanal.

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