segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Zilda Arns

No início da minha vida profissional, quando os dias de ócio (involuntários) superavam em muito os de trabalho, recebi um convite da Pastoral da Criança para participar de um encontro de dentistas da entidade, em Santo Ângelo.

Só para esclarecer, a Pastoral da Criança é uma entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tem como objetivos combater a mortalidade infantil e proporcionar melhores condições de vida e saúde para crianças e suas mães, através de medidas simples e eficazes, como o soro caseiro, baseando seus métodos de trabalho na atuação dos membros das próprias comunidades beneficiadas. Sem paternalismo, assistencialismo ou politicagem, o que talvez sejam outros motivos para o seu sucesso. Foi fundada pela pediatra Dr. Zilda Arns Neumann.

Não sei porque cargas d’água acabei não indo, mas desde então passei a frequentar as reuniões, sempre nas primeiras segundas-feiras do mês, em cada oportunidade falando sobre algum assunto relativo à saúde bucal das gestantes e das crianças. Cheguei até a ir para Santa Maria, onde participei de outro encontro, no seminário da cidade, com dentistas de todo o estado.

Quando comecei a trabalhar para a Secretaria Municipal da Saúde, não pude mais comparecer às reuniões (que anteriormente tiveram até seus horários alterados a meu pedido), e acabei perdendo o vínculo com a Pastoral, mas não minha identificação e minha admiração pelo seu trabalho.

Escrevo isso tão somente para manifestar a tristeza que senti ao saber da morte da Dr. Zilda, na semana passada, no terremoto no Haiti, onde estava para divulgar seu magnífico trabalho a uma comunidade tão necessitada. Como disse o seu irmão, o Cardeal e Arcebispo Emérito de São Paulo, +Dom Paulo Evaristo Arns, “Ela morreu de uma maneira muito bonita, morreu na causa que sempre acreditou”.

Muito obrigado, Dr. Zilda.



domingo, 10 de janeiro de 2010

Absolvidos pela Morte.

Difícil misericórdia tão grande quanto a da morte. Inúmeros são os casos de personagens que tiveram seus feitos superestimados após o fim de suas vidas. Bem verdade que é feio falar dos mortos, mas convenhamos, tem horas que esses exageros enchem a paciência. Alguns exemplos:

Mamonas Assassinas: banda divertida, que gravou um cd com letras engraçadas e que lhes deu projeção nacional e espaço nos pavorosos programas dominicais da tv. Até que um acidente aéreo pôs fim a tudo.

Com a morte de seus integrantes, a banda ganhou muito mais exposição na mídia, as vendas de seu disco cresceram de modo exponencial, e suas músicas adquiriam um status até meio cult.

Caso o jatinho com que eles viajavam tivesse pousado normalmente naquele dia, a banda continuaria sua trajetória, lançaria um novo disco, desta vez feito com muito mais cuidado e profissionalismo (no jargão musical, muito mais “trabalhado”), emplacariam dois ou três hits, e acabariam sofrendo o desgaste natural que este estilo música-piada comumente tem. Seu terceiro disco seria um fracasso, o que ocasionaria o fim da banda. Seus integrantes partiriam para projetos individuais.

Hoje, seriam tão famosos e conhecidos como os cantores Falcão e Tiririca.

Airton Senna: grande piloto, um dos maiores da história, apesar de apenas ter sido campeão enquanto dispunha do melhor carro. Sua morte o colocou na condição de deus encarnado, supervalorizando de modo exageradamente excessivo (pleonasmo é pouco numa hora dessas) todas suas qualidades, e fazendo com que aspectos como sua falta de ética e de caráter e sua  homossexualidade passassem despercebidos. Virou herói nacional, junto com Tiradentes e Pelé (?). Na minha Cerro Largo não existe uma rua chamada Machado de Assis e nem Paul Harris, mas Airton Senna é digno de tamanha distinção.

Caso sobrevivesse, marcaria seus primeiros pontos no campeonato de 1994 em Ímola, mas teria novamente o desprazer de ver Schumacher no alto do pódio. Só pra relembrar, nas três corridas que disputaram naquele ano, o alemão fez 30 pontos com sua Benetton-Ford, enquanto que Senna, com a super Williams-Renault marcou ZERO pontos. Terninaria o ano com um digno vice-campeonato, o que se repetiria em 95, pois não seria capaz de superar o alemão que também passaria a contar com os motores franceses. Reencontraria a glória em 96 e 97, pois a ida de Schummi para a Ferrari abriria o caminho para o penta-campeonato do brasileiro, que não teria adversários. Mas com a ascensão da McLaren, aliada à decadência da Williams, Senna passaria dois anos em branco. Faria de tudo para retornar à sua antiga equipe, algo que conseguiria, mas a sua volta coincidiria com o começo do reinado da dupla Schumacher-Ferrari. Depois de mais dois anos de maus resultados, passaria a fazer lobby para correr pela escuderia italiana. Sem sucesso, decidiria se retirar da categoria, vendo de fora a quebra de todos os récordes pelo alemão.

Entraria para a história, de qualquer forma, mas muito longe das 400 vitórias e dos 20 títulos mundiais que as pessoas afirmam que ele conquistaria.



"Putis grila, o alemão já escapou de novo..."

João Goulart: após ser eleito por duas vezes consecutivas vice-presidente da república, Jango ganhou de bandeja o cargo de chefe da nação, atuando de modo modesto, até por que não dizer sem preparo para tanto. Foi “convidado” ao deixar o país e acabou morrendo no Uruguai. Durante anos comendo apenas do bom e do melhor, sem mediar quantidades, um enfarte acabou com sua pouco expressiva vida pública.

Se tivesse sido mais comedido em sua dieta, poderia ser eleito governador após a anistia. Acabaria a vida na câmara dos deputados, tendo como grande e único “palanque” a revolução de 64, ou em alguma função pública. Ou seja, mamaria nas tetas do governo à exaustão.

Nada diferente do que é hoje o Itamar Franco.

Salvador Allende: se não tivesse se matado, teria um destino muito semelhante ao de Jango. Caso não tivesse acontecido o golpe militar, dificilmente conseguiria tirar o Chile da crise econômica da qual se encontrava, o que o impediria de eleger um sucessor da situação. Tal qual Jango, seria um pouco destacado parlamentar.

James Dean: ator mediano, com fama de galã. Sua morte livrou-o de ter que demonstrar sua falta de talento em outros filmes. Provável que, assim como Marlon Brando, morresse gordo e pobre.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

10 Discos Marcantes

O Alex compilou 111 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, e intimou sua blogosfera a fazer o mesmo.

De maneira alguma eu teria como fazê-lo. E os motivos são muitos: primeiro, a minha relação com a música parece ser bastante distanta da que o Alex tem: gosto, ouço muito, sou até bastante chato e criterioso para com o que escuto, mas tenho a impressão de que o meu amigo trata o assunto com muito mais devoção, quiçá profissionalismo.
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Sempre quis escrever "quiçá".
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Sendo assim, seria muito mais difícil para mim elaborar tão grandiosa lista.
Outro motivo é bastante regional, e hoje não tem valor algum, mas há uns 18 anos, quando comecei a me inteirar pelo assunto Música, vocês têm noção de quanto tempo demorava para que as "novidades" chegassem aqui no interior? Isso quando chegavam. A rádio AM da cidade, assim como todas da região, tinham uma programação musical bastante, digamos, conservadora. As FM's de Santo Ângelo, que eu conseguia sintonizar, também não eram grandes referências (as de Santa Rosa então, melhor nem comentar). Então nos inteirávamos das novidades do mercado fonográfico através daquilo que viesse de fora, seja por alguém que tivesse um irmão estudando em Santa Maria, seja por alguém com mais recursos e contatos, e que conseguisse comprar alguns LP's. Mas normalmente era através de fitas K7 mesmo, em sua grande maioria coletâneas ao invés do álbum inteiro, o que fez com que eu demorasse muito para compreender o valor de um álbum em relação a um único hit, e acabávamos não associando a música ao álbum. Durante muitos anos, tanto pela comodidade quanto até pela própria dificuldade em se ter acesso a estes álbuns, dava muito mais valor às coletâneas e a alguns trabalhos ao vivo, porque era um modo fácil e barato de se conhecer o "melhor" de cada banda. Somente depois de muitos anos é que pude ouvir alguns álbuns clássicos na íntegra, e apesar de conterem músicas que marcaram minha vida, quando os ouvi já não exerceram tanta influência em mim em relação do que poderia ter acontecido se tivesse conhecido-os em outras épocas.

Por fim, daria uma trabalheira do cão listar 111 álbuns. De momento citarei 10 que, superando as dificuldades comentadas acima, conseguiram ser importantes para mim. Não significa que eu considere esses os melhores trabalhos de cada artista, mas sim os que me marcaram:

Engenheiros do Hawaii - O Papa é Pop (Brasil, 1990)
Já falei sobre ele aqui no ADHD. Não é um primor de álbum, mas suas músicas foram as primeiras das quais gostei após me dar por conta (ou pensar) que tinha saído da infância.


Guns N' Roses - Appetite for Destruction (Eua, 1987)
A primeira fita que eu comprei no camelô. Sweet Child O'Mine foi a primeira música que me fez tocar uma guitarra imaginária. Abriu minhas portas para o Rock n' Roll.



Iron Maiden - Fear of the Dark (Inglaterra, 1992)
O álbum que me apresentou a uma das minhas bandas preferidas (com um bom atraso, diga-se de passagem). Mas ainda não estava preparado para conhecer melhor o Iron, tanto que minhas preferidas eram as "baladas" Fear of the Dark e Wasting Love.



Luiz Marenco - Luiz Marenco canta Noel Guarany (Rio Grande do Sul, 1996)
Fez com que eu descobrisse que a música gaúcha ainda tinha força e talento para mostrar. Parabéns Marenco.



Metallica - Metallica (Eua, 1991)
Outro álbum chave, que abriu meus horizontes. Assim como no caso do Maiden, minhas preferidas eram as "calminhas" The Unforgiven e Nothing Else Matters, mas gostava de praticamente de todas as músicas. O mais estranho é que quando ouvi os discos anteriores da banda, como meu critério de comparação era o álbum Metallica (não é racismo, mas não gosto de chamá-lo de black), acabei não gostando do que escutara. Sorte que o tempo é o senhor da razão e hoje entendo o porquê do ódio dos fãs para com este álbum.


Nirvana - Nevermind (Eua, 1991)
Não há muito mais o que escrever sobre este divisor de águas. Clássico como poucos conseguiram ser.


Noel Guarany - ...sem fronteira (Rio Grande do Sul, 1975)
Um achado na pequena coleção de discos do meu pai. O melhor cantor deste país chamado Rio Grande do Sul, em plena forma. Cada vez que eu escuto este disco, gosto mais dele.


Pink Floyd - Dark Side of the Moon (Inglaterra, 1973)
Ganhei de presente, no Natal de 1995, da família onde eu estava hospedado na Alemanha, pois um dos únicos discos que eles tinham que eu ouvia era o The Division Bell. Demorei muito para gostar do presente, somente tempos depois fui apreciar, ou melhor, entender o Dark Side... Mas Pink Floyd é assim.


Red Hot Chilli Peppers - Californication (Eua, 1999)
É um disco muito bom, muito além das músicas de trabalho, e aindo o escuto. Mas só está aqui por ter sido o último CD original que eu comprei. Marcou o fim de uma era.


The Ramones - Loco Live (Eua, 1991)
(Este 1991 foi célebre para a música). Não poderia deixar de citar Ramones, ainda mais pelo fato de ser um álbum tão marcante, apesar de ser um disco ao vivo, mas por muitos anos foi tão somente o que eu conhecia da banda.



Talvez um dia faça uma lista dos meus álbuns preferidos, pois inclusive foi isto que o Alex pediu, e não o que acabei de fazer.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Cabo Polonio: muito melhor do que Punta

Nem tudo acontece como a gente quer (2006 é o maior exemplo disto). Vejam bem: eu, que adoro viajar, fui obrigado a planejar um período de férias, assim por dizer, bem mais modesto. Inúmeros motivos, desde financeiros até conjugais, fizeram com que eu assim procedesse.

Mas tudo bem. Já fiquei 5 anos sem férias, não vou me estressar por pouca coisa.

E não é que nem o pouco que planejei deu certo. E de quebra, ainda consegui pisar em um prego enferrujado…

E cá estou, no sofá de casa, com o pé levantado, curtindo um chimarrão e um ar-condicionado. Acho que foi a primeira vez desde que comecei a trabalhar que fiquei em Cerro Largo num dia da semana normal e não fui ao meu consultório. E o meu pé nem seria impecílio, estou aqui justamente para deixar de pensar um pouco no serviço. Em todo caso estou de férias, e só volto na segunda que vem.

E se não são as férias dos meus sonhos, posso aproveitar para relembrar alguns passeio que me inspiram os mais belos sentimentos de saudades. E como eu tinha me proposto a escrever bastante durante este período, eis aí a oportunidade de movimentar um pouco o ADHD.

E comecemos agora:

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Um dia quero fazer uma lista dos 50 motivos para conhecer o Uruguai. Claro que para isso terei que voltar ao país mais umas 2 ou 3 vezes, e não tão somente percorrer os free-shops de Rivera.
Mas com aquilo que eu conheço do país, eu bem que poderia listar uns 30 ítens. E pasmem: Punta del Este não estaria na minha relação.

Como o pessoal que aparece nas colunas sociais também não lê o ADHD, sei que não receberei crítica alguma por este “absurdo”. Mas convenhamos: a pequena e bela Banda Oriental dispõem de atrações muito mais bonitas e interessantes do que esta Atlântida com grife (ou com glamour, como quer a chata da Martha Medeiros). É provável que nem 5% dos que vão ao balneário bancar o playboy e tirar fotos em frente ao Konrad conhecem uma das jóias mais preciosas daquele país:

Cabo Polonio

O caminho é pela mesma Ruta 9 que liga Punta a Chuí. Somente é necessário pegar uma estrada vicinal em direção ao litoral e estacionar o carro. Porque não se chega a esta praia dirigindo, aliás nem se conseguiria atravessar as dunas com um automóvel qualquer. Somente “de a pé”, a cavalo, ou em veículos 4x4 que fazem a travessia.

Para quem já está torcendo o nariz, paciência. Também pensei 7 vezes se valeria a pena uma “indiada” dessas. Vale sim.

A cidade, ou melhor, o povoado é uma pequena vila de pescadores que graças às difíceis condições de acesso, manteve-se alheia ao passar do tempo. Luz elétrica só para quem tem gerador. Mas quem está lá nem se dá pela falta disso.

Num primeiro momento, o aspecto meio riponga pode assuntar, ainda mais pelas bancas de artesanato na praça (?) onde os 4x4 descarregam seus passageiros. Mas ao percorrer as ruas, ou melhor, os caminho de areia do povoado começa-se a perceber os encantos do lugar. São várias casinhas simples, dispostas sem ordem alguma, o que confere à paisagem um aspecto ainda mais pitoresco.



Há algumas pousadas e restaurantes, além de um comércio bem rudimentar. Provei um excelente salgado, recém tirado do forno de uma padaria. No local funciona um farol e também podem ser vistos dezenas de leões marinhos, que se concentram num paredão rochoso, devidamente isolado dos visitantes, e que são uma das principais atrações do local. Mas nas praias é possível ver um ou outro desses animais. pelo tamanho dos dentes dos bichinho, talvez seja prudente manter uma certa distância deles.

Se você está em busca de compras, shopping centers, conforto e glamour, não vá a Cabo Polonio. Agora quem gosta de simplicidade, belas paisagens e da sensação de tranquilidade que só um lugar isolado assim pode nos proporcionar, eis então minha dica.

Fiquei poucas horas lá, e para quem dispõem de pouco tempo, uma tarde é mais do que suficiente. Agora, se você também não conseguir ficar imune ao encanto do lugar, vai querer voltar, assim como eu quero, para aproveitar a calma e a beleza tão difíceis de serem encontradas.


Ah, não é só o “leiáuti” do blog que mudou. A antiga política de não colocar fotos nas quais meu rosto aparece para que as pessoas gostassem do blog pelo seu conteúdo escrito e não pela minha beleza foi abolida. E as imagens são todas minhas, ou como diriam por aí, de “arquivo pessoal”.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Blog: pra que te quero?

Faz muito tempo que eu queria escrever sobre isso aqui. Aliás, faz muito tempo que eu queria escrever sobre qualquer coisa aqui.

Enfim, mas por que ter, ou manter um blog? O que leva alguém a fazer algo assim, quais são as motivações, os interesses por trás disso?

Para muitos, um blog é uma maneira simples de expor suas idéias, possibilitando com muitas pessoas tenha acesso a elas. É o caso de gente como o Juca Kfouri, do Reinaldo Azeredo…

Mas blog é uma ferramenta tão simples quanto banal. Qualquer um pode ter. Há blogs sobre tudo o que se possa imaginar, sobre os mais diversos assuntos, como política, futebol, música, culinária, viagens, alguns até bastante específicos, algo como sobre fazer uma horta, fabricar cerveja artesanal, uma pessoa que vai se formar, as mudanças na vida de alguém que casou, a vida de um estrangeiro em Buenos Aires, uma viagem para a Patagônia a bordo de uma Rural, tem até gente que publica fotos de carros abandonados. Ou seja, há blogs sobre tudo, bons e ruins. Em sua imensa maioria, ruins.

E sempre tem alguém que vê ou lê essas coisas…

Acho que o pior tipo de blog é aquele que se propõem a tratar de tudo, como é o caso deste que você está lendo. Mas poderia ser pior, quando o blog atinge as profundezas da mediocridade e da falta de assunto e se torna uma espécie de diário on-line. Preocupo-me muito para não chegar a este ponto. Se eu fizesse, só com alguma qualidade literária, algo que absolutamente não possuo. É por isso que me policio e evito escrever qualquer besteira, e talvez seja por isso que o ADHD é assim, digamos, monótono.

Talvez eu devesse ter assumido uma postura mais focada, assuntos não me faltariam: poderia escrever sobre os preparativos para o meu casamento. Foi algo que deu bastante trabalho, resultaria em vários textos e que seria do interesse e útil para muita gente. Ou eu poderia escrever sobre a difícil convivência entre uma pessoa que se recusa a ter um cachorro em casa e o seu Shi Tzu, contando como este foi ganhando o seu espaço.

Revendo os primeiros textos, vejo que havia uma tendência a contar sobre a minha produção de cerveja artesanal, mas como não passei (por enquanto) de uma segunda e mal sucedida leva, a idéia não vingou. Também tinha a idéia do carro antigo, que eu poderia contar meus passos da compra até a restauração, mas ele já está há um ano parado na garagem, e ainda sem previsões para sair de lá.

Então sigo, tentando escrever sobre tudo, e talvez por este motivo, não escrevendo sobre nada. E me pergunto novamente: por que ainda estou aqui? Muitos do meu círculo de amizades, que assim como eu resolveram se aventurar na blogosfera, acabaram desistindo. Quando eu nem sabia o que era um blog, o Mentges já tinha o (hoje finado) Cadê meu Gardenal. O Everton começou bastante específico, mas não passou de muitos textos(?). O André também começou bem com o seu Porão do Salvador, que de modo abrupto e sem aviso prévio, encerrou as atividades. O Marcus abandonou seu Caminhante Noturno (apesar de continuar contribuindo para o Dr. Frame…). O Alex está bastante parado, talvez muito ocupado com a faculdade e as atrizes globais (quando escrevia este texto, vi que ele tinha publicado algo). Quem ainda mantém uma certa regularidade é o Guilherme, apesar de que, estranhamente, não consigo acessar o seu Pensamentos Randômicos desde ontem. E eu nem vou falar do coitado do FF.com.

Eu não quero desistir, ao menos essa idéia não me passa pela cabeça. Pelo contrário, gostaria de escrever mais e, principalmente, melhor. Mas não vou prometer nada disso, nem para mim mesmo, pois sei que talvez não possa cumprir, especialmente a segunda.

Acho que cheguei a uma conclusão: escrevo por vaidade. Não almejo fama, holofotes e aplausos para o ADHD, mas me envaidesse pensar que tenho um lugar onde posso deixar a minha opinião ao alcance de quem quiser conhecê-la, mesmo que ninguém a queira.
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